segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Geração Facebook



É clichê falar que vivemos hoje uma geração facebook. As pessoas gastam mais tempo escolhendo o que falar do que falando de fato e o resultado disso tudo é uma conversa de mão única, com o espelho. Quando temos tempo para planejar algo o podemos fazer com mais perfeição e então quando somos jogados na terrível arena do mundo real e temos que viver o imediato, o improviso; podemos acabar sentindo falta do confortável mundo virtual que podemos construir. Um perigo! Escolhemos a foto, decoramos com frases de 120 caracteres, musicamos com hits das décadas passadas onde também nos comunicávamos através da linguagem escrita, mas a resposta demorava dias, anos se viesse. Não ficávamos escrevendo telegramas duas horas por dia. Não precisávamos nos comunicar diariamente por distância, pois tínhamos contato direto com um número maior de pessoas e não tínhamos tantas ferramentas para interação social. Daí, mais tempo para viver o mundo real.
Passamos pelo telefone, inicialmente muito caro que depois passou a literalmente caber dentro do bolso. A revolução da comunicação foi dando seus passos cada vez mais corridos até culminar nas redes sociais. Mais de 800.000.000 de pessoas fabricam e atualizam seus perfis numa festa silenciosa de gente bonita bem sucedida, que curte e cutuca tudo. Não existe a possibilidade de simplesmente não curtir algo. Podemos relaxar e nos sentir cheio de amigos e quando formos ao show de uma banda que toca há 15 anos o mesmo cd podemos filmar e colocar o vídeo para todos verem o mundo que queremos montar. Ao invés de viver intensamente o momento deixamos que uma cybershot revele algo planejado. Hipócrita eu?? Sou apenas mais um na geração caranumlivro. Fruto de um problema sexual de um nerd que parece ser chato segundo o seu filme, o facebook pode ser responsável por acelerar uma geração impregnada de informação, com uma capacidade cognitiva cada vez maior, com capacidade de armazenamento de dados cada vez maior, mas com capacidade de abstração reduzida. Com menos poesia, menos conhecimento, sem tradições regionais, menos cultura e tremendo de medo de um mundo cada vez maior. Pouco tempo pra compassos e muito espaço virtual. Estamos sempre repassando algo e o máximo que podemos criar são frases rápidas de 120 caracteres.
Hoje temos um arsenal de informação capaz de nos transformar em qualquer coisa se aliarmos o conhecimento com a prática. Se quiser virar perito em radiologia; imagens, vídeos, textos e exemplos sobre tudo relacionado ao assunto estão à disposição. Agora se quiser fazer um raio-x da sociedade que vivemos, as milhares de informações que nos invade por todos os lados nos tirarão o tempo necessário para a imaginação. Estamos já acostumados a fazer perguntas para o google resumidas assim: “remédio caseiro dor costa...” e incrivelmente o danado com seus mecanismos inteligentíssimos de busca nos leva a várias pistas de nossa ignorância. E se o desgraçado não nos responder na primeira página da busca, achamos que a resposta não existe. Que mundo fácil. Certo dia fiz um vídeo chamado “como comer um pão” e filmei um amigo comendo o alimento para instruir futuros mamíferos bípedes com um nível mais sério de facebucagem. Falta do que fazer? Fazer o quê!
Vou postar esse texto no site, divulga-lo no twitter e no caranumlivro e sonhar com 46 curtidas, 22 comentários e 3 retweets. Curtir é preciso...


3 comentários:

simplifique disse...

Xará,
cheguei aqui porque digitei no google: trilhas mtb quinta da boa vista.
Esperava achar as trilhas, mas me deparei com esse puta texto.
Parabens!
ABS!

André disse...

Valeu Xampa, obrigado pelo elogio...

Elizabeth Leal disse...

Agora faltam 25 curtidas e 20 comentários...