quinta-feira, 6 de outubro de 2011

1ª Parte Estrada Real - Diamantina - Conceição do Mato Dentro


Começamos a famosa estrada Real. Saímos de Diamantina com destino a Val. No começo da estrada o rendimento estava bom, mas logo estávamos subindo uma bela subida em terra fofa. Caí no chão em um banco de areia e minhas coisas sujaram um pouco. A magrela sem mim foi ao chão mais duas vezes, já que o peso de 30 kg na bagagem não rima com subidas íngremes em terreno arenoso.

Começo da Estrada Real

Marco da ER

Foi o trecho mais difícil da viagem. Teve subida que pensei em descer da bike e esperar carona, foi um esforço desumano em alguns trechos, além de pedalar tivemos que empurrar muito a bicicleta subida a cima pois era impossível subir. Paramos em São Gonçalo do Rio das Pedras tentamos um rango na faixa, mas não foi possível. O movimento turístico na cidadela é muito pequeno, qualquer viajante de bicicleta é sinônimo de algum lucro. Acabamos em um macarrão com sardinha e molho branco debaixo da árvore, de frente a uma igreja.

André na função do almoço

Igreja em São Gonçalo do Rio das Pedras

São Gonçalo do Rio das Pedras

Depois conversamos com o morador local e ele nos emprestou um livro de dois cicloturistas que fizeram a estrada real em uma bicicleta só. Deve ser muito difícil cadenciar a mesma pedalada naquelas subidas. Chegamos em Milho Verde e presenciamos parte da estrada sendo asfaltada para Serro. A metade da estrada era de terra ainda, outra parte era de piche e outra de um asfalto novo, mas não finalizado. Após uma longa descida e com o sol se despedindo, resolvemos montar acampamento ao lado de uma casinha com um pequeno curral na beira da estrada.

Caminho para Milho Verde

Estrada depois de Milho Verde pronta para o asfalto


Descendo a ladeira

Ficaríamos ao lado da casa e se o dono aparecesse, tentaríamos passar para dentro da cerca. Mas ele não apareceu e como a casa ficava em um vale, no fim de uma descida e no início de uma subida, os carros e caminhões que ali passavam, o faziam com muita velocidade para aproveitar o embalo da descida e não perderem força na subida. E como a metade da estrada do nosso lado estava imprópria para o uso, resolvemos que poderíamos ficar ali sem chamar muita atenção. Logo a noite caiu e a barraca escura adormeceu no meio do mundo, sem banho, cansada e preparada para um próximo dia que começaria em uma bela subida.

Acampamento ao lado de casinha na beira da estrada

Como tudo isso é fantástico, o momento de repouso e reflexão contrasta com os esforços terríveis para subir ladeiras pequenas, grandes, inclinadas para o sol de 13:00h que deixa a imensa sombra de nossa vontade. Mas sempre vêm descidas, momentos singelos de prazer e pensamento. Outro fato curioso é a noção do tempo. O tempo de uma subida é torto o de uma descida é duvidoso, tudo que você construiu em uma hora você pode gastar em menos de dez minutos. Eu via televisão e dormia em um quarto na casa da minha mãe no setor Oeste em Goiânia. Eu lia a Veja, cumprimentava o porteiro toda vez que chegava em casa, entrava no facebook para aproximar das pessoas. Eu tinha um contato rotineiro com várias pessoas. Hoje eu não sei quase nada sobre o que se passa no mundo e divido meus dias com apenas uma pessoa do mesmo sexo que o meu. Ô vida sufrida. Talvez estejamos mais próximos de nós mesmos.

Serro

Igreja em Serro

Igreja em Alvorada de Minas

O domingo frio foi realmente de muitas subidas. 07:00h da manhã estávamos pedalando rumo a Conceição do mato Dentro. Minha roda entortou geral e minha pedalada parecia uma dança nova, com a bike jogando para os dois lados. Paramos perto de uma borracharia, tirei as bagagens, a roda e apertei os raios. O aro continuou torto mas o balanço terminou. Foram 47 km difíceis até que, o sol de 13:00h, sem almoço e a pouca água, foram interrompidas por uma carona em uma L-200 de um prefeito que nos levou até Conceição. Chegamos no rabo de um foguete.

Carona em L-200 veloz e furiosa


Foto com o prefeito Augusto
Paramos em um posto, arranjamos um almoço, e antes de escolhermos nosso destino encontramos novamente os ciclistas de Brasília que estavam fazendo a Estrada Real escoltados por uma Bandeirante 4x4. Cumprimentamos-nos e eles disseram que iriam para a cachoeira do Tabuleiro naquele dia mesmo. Não sabíamos se ficávamos na cidade ou se os acompanhava, fomos resolver onde dormiríamos. Procuramos uma pensão, tentamos arranjar abrigo na casa de algum morador e não fomos felizes. Vimos um posto policial e Diego teve a idéia de deixar nossas coisas na polícia, e assim seguiríamos de Bandeirante até o Distrito do Tabuleiro para então no dia seguinte visitarmos a famosa queda d’agua. Acertamos com os policiais que ficaram com uma pulga atrás da orelha por ter que ajudar dois ciclistas aparentemente vagabundos. E corremos para combinarmos com os candangos. Eles aceitaram nos dar carona e terminariam o almoço após 10 minutos. Marcamos em um posto no caminho e voltamos para o posto policial para estacionarmos a bicicleta. Encontramos com o simpático brasiliense que trabalhava com computação para o Banco do Brasil. O carro cheio de garrafas com água, guloseimas e apetrechos de localização para não perder o rumo. Fomos bem devagar rumo ao Tabuleiro. Ele parou para tirar foto de um ninho de pássaros em uma árvore, fomos conversando até que no meio do caminho, do alto de uma subida avistamos seus amigos, uma bike caída e um carro que não sabíamos se estava com dificuldade para subir a ladeira. Quando chegamos mais perto descobrimos que um deles tinha caído feio e já estava a caminho do hospital. Ele nos deixou no meio do caminho para a cachoeira. Faltavam 15 km para o destino e tínhamos muita bagagem para carregar, barraca, roupas, violão e paciência para caminharmos no escuro total. Andamos pouco menos de 2 km e resolvemos dormir no mato atrás de uma pedra grande. Mais uma noite sem banho e sem janta. Tínhamos pouca água para cozinhar.

Dormindo entre as pedras de Conceição
Nossa segunda-feira...

Segunda feira todo mundo começa algo, nós iniciamos a semana pedindo carona, e conseguimos um uno com 3 macacos que estavam catalogando o local com GPS. Iríamos nos hospedar no camping da Regina, que nos foi indicado em Diamantina, chegamos lá e ela não estava, ao lado uma torneira tinha quebrado e a mangueira jorrava água para todos os lados. O Diego ajudou a estancar o desperdício e o pessoal da casa concordou em guardar nossas coisas enquanto visitaríamos a cachoeira. Fizemos um lanche e discutimos se o(a) garçom passava batom ou fazia o bigode.

Ele faz o bigode
Carregamos esta dúvida terrível pelos 4 km de caminhada difícil para a cachoeira. Paramos na sede, conversamos com o guia do Tabuleiro Fabrício (31 – 9963 2143) conseguimos as entradas sem custo, trocamos informações e continuamos a trilha para a base da cachoeira.

Nós e o guia Fabrícío na sede do Tabuleiro

Da portaria já se avista a cachoeira ao fundo
Linda, imponente e com uma queda d’agua que não completava seu percurso até o rio, banhando as pedras ao redor, de acordo com a vontade do vento. Pulamos na água mais gelada do universo, um minuto fora e senti meu corpo fabricando calor instantaneamente para equilibrar com a temperatura ambiente.

Caminho para cachoeira

Poço no caminho para cachoeira

Panôramica

Cachoeira do Tabuleiro


Cachoeira do Tabuleiro
Esperamos o sol que não veio e partimos. Na entrada encontramos os candangos, inclusive o acidentado que se recuperou rápido ou não estava tão machucado. Voltamos para o distrito de Tabuleiro e esperamos uma carona para Conceição do Mato Dentro, acabou que pegamos um ônibus bem roots, balançando o tempo todo e bastante sujo que levava as crianças da escola para casa.

No aguardo da carona 
Busão roots
Chegamos em Conceição e fomos na polícia buscar as malas, fomos pensando em nos hospedar lá mesmo, quem não gostou muito da ideia foram os policiais, arrumamos nossas coisas e não demoramos muito para sair. Fomos atrás de uma pensão para dormir uma noite digna, nesse instante apareceu o Igor, ouviu nossa história e acabou nos convidando para passar a noite na casa dele. Mineiro de BH muito gente boa e apreciador da boa música, fizemos uma compra e logo estávamos com o jantar no fogo. Acordamos e o Igor nos mostrou o porque dele escolher aquela casa para morar. Uma vista linda para a serra, no fundo da casa. Acordar com aquela vizinhança é maravilhoso.

Diego, Igor e André

Vista no quintal
Partimos rumo a Serra do Cipó, no caminho já sabíamos que teria subida, só não imaginávamos que ela iria nos acompanhar por tanto tempo.

4 comentários:

THIAGO RORIZ disse...

E isso ai galera... Aventura na veia, quando tiver na subida pensa na descida, quando tiver com fome nao pensa na comida... O dominio da mente vai ser nescessario... to pirando pra aventura, morrendo de inveja.... Boa sorte e forca no pedal... THIAGO RORIZ

André disse...

Uhuullll Valeu Thiagão.

wilsonbastos.bastos@gmail.com disse...

e ai dupla,na persequiçao?cara força fisica e psicologica efundamental...mais comtemplar os cenarios e fundamental!!!to na torcida por vcs,,chegarem bem.que deus ilumine o caminho de vcs...abraçao,,,cristian das scott cinza e preta/restaurador.

diego minduim disse...

Falaaa Cristian... bom demais que vc tá olhando o site cara. Agora estamos contemplando mais e pedalando menos, aproveitando cada momento. Agora estamos em Ouro Preto, valeu pela torcida irmão... tudo de bom pra vc.. abraçoo