quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Diamantina


Diamantina foi um caso a parte na viagem. Chegamos no dia 12 de setembro por volta das 12:30h e descemos para o centro da cidade. Logo um grupo de agentes prisionais nos convidou para tomarmos um refrigerante com eles. Compraram 12 adesivos e realmente não tinham a língua presa. Um deles cumprimentou a maioria dos oficiais e políticos que atravessavam o centro de Diamantina. Ali já sentamos e ficamos algum tempo com eles, nos ofereceram um lugar para tomar banho e dormir, acabou que depois não encontramos eles mais. Deixamos aqui nosso agradecimento pela recepção.


Era dia de recebimento da medalha JK, por qualquer motivo que desconheço, eu e vários estudantes que manifestaram sua ira contra o evento. Logo o garçom do bar também nos ofereceu sua casa para dormirmos, mas foi do alto que veio a verdadeira luz. Estávamos utilizando a internet de uma livraria café quando uma mina nos gritou do alto de sua janela em uma república no centro da cidade, “Aonde vocês vão?”. Como as bicicletas estavam ali, disse nosso destino do projeto; o Brasil. Daí ela e a amiga manifestaram interesse para nossa viagem. A Patrícia, baiana da melhor qualidade, desceu comprou um adesivo e me levou à uma república para ver se poderíamos nos acomodar por lá. O nome da República era THC (Taberna Hallo Caetano) e seus moradores; Vitão, John, Matheus, Xicó, Antônio e Guilherme. Sobre uma imensa bandeira com as cores do reggae no teto ficaríamos 4 dias e 5 noites.

Guilherme, Matheus, Antônio, Vitão, John e Paty
Logo voltei na livraria, chamei o mindu e voltamos para a república para nos acomodarmos. Fizemos compras no supermercado e começamos a tomar uma Vodka enquanto o super show do Babado Novo não começava. Voltamos no túnel do tempo nas ruas de Diamantina, com um show cercado de adolescentes universitários que cantarolavam as músicas do grupo. Conhecemos melhor o pessoal da república, tomamos mais algumas e logo resolvemos dar fim a primeira noite de repouso da viagem. Agradecemos aqui também a todo pessoal que passou esses dias conosco em Diamantina, galera... foi incrível.


Dia 13, acordamos 09:00h, na sala da THC, almoçamos strogonoff de frango, um luxo. Eu fui deixar o violão para um taxista levar até Gouveia, arrumar o braço do violão que quebrou na viagem. O Diego, Paty e Matheus (Pica-Pau) foram escalar, mais tarde apareceram o Diego (Feto), animalzinho e a Eliza. Foram escalar dentro da cidade, em um lugar chamado Epil. No outro dia foram conhecer a Gruta do Salitre, bem próximo a Diamantina, com bastante lugar para escalar e com a famosa gruta.

Epil
Gruta do Salitre


A tarde caiu devagar e fiz um macarrão com cenoura para antes do jantar. Não ficou muito bom, mas não sobrou nada na panela. Jogamos war do império romano, o Diego que voltou da escalada cansado, dormiu no meio do jogo, pedimos uma pizza de R$ 10,00 cada e cama. Numa viagem onde não se vê televisão, não lê jornal, e não se tem certeza de muitas coisas, como o próximo almoço. A informação que chega de uma boca qualquer logo é tida como verdade. Seria o jogo do Brasil a tarde e então me preparei para o tal. Mas no horário fictício do início da partida, percebemos o equívoco, o futebol na verdade iria acontecer às 22:00h. Compramos pedaços de frango temperados e cerveja para assistirmos o tal do jogo. Poker, calorias e cama, ou melhor, sofá de um metro e meio encardido.


Quinta feira o sol ensaiando seu show, roupas lavadas, pedal para cachoeira. Junto com o Feto (Diego) e dois amigos, seguimos para a cachoeira da sentinela. 15 km de pedal e paramos para ver umas pinturas rupestres na pedra ao lado da cachu, aonde o pessoal da THC nos esperava. Eles foram no carro mais resistente da galáxia. Diga-se de passagem, quem abrir uma mecânica em Diamantina ficará milionário, as vias são péssimas para andar de 4, 3, duas, meia dúzia ou nenhuma roda. Mas enfim chegamos na cachoeira Sentinela, rodeada de um visual de serras em um horizonte sem fim. Já estava escurecendo e resolvemos seguir de bike para a próxima cachoeira, a dos Cristais. Voltamos 15 km em um breu total, sem lanterna pois acabara as pilhas.

Cachoeira Sentinela


Indo para cachoeira dos cristais

Cachoeira dos Cristais

Diego e Diego
Nosso último dia em Diamantina foi bem bacana. Almoçamos mais tarde e enquanto isso conversava com a moça que arrumava a bagunça e fazia a comida. Dona Jacinta. Ela disse que seu filho, professor de filosofia, estava junto com um juiz, fazendo um projeto para abrigar meninas delinquentes, menores de idade. Há muitas em Diamantina, que embora seja uma cidade universitária, com uma universidade de 5 anos é rodeada por favelas e o consumo de drogas é alto.

André, Dona Jaça e Diego
Almoçamos mais tarde e fomos pegar o violão que o taxista trouxe. Ficou melhor que o esperado. Depois fomos visitar o museu do Diamante. Foi inaugurado em 12 de abril de 1954, é um dos prédios de maior significado histórico de Diamantina que foi construído em meados do século XVIII. O Museu traz objetos relacionados à extração de diamantes como, arte sacra, mobiliário, armamentos, transporte, indumentária e outros objetos, pedras preciosas e semi-preciosas, balanças de pesagem de ouro e diamante, oratórios característicos da região etc...

Museu do Diamante
Depois fomos na exuberante Casa da Glória.
“Acredita-se que ela tenha sido construída entre 1775 e 1800, por Manuel Viana. A casa é assim chamada porque posteriormente foi residência da Dona Josefa Maria da Glória. No início do século XIX a Casa passou a ser do Estado, servindo de residência aos intendentes. Em 2 de fevereiro de 1864, a Casa da Glória passa ao domínio eclesiático e é transformada em sede do Segundo Bispado de Minas Gerais, tornando-se residência oficial dos Bispos de Diamantina, inclusive do primeiro bispo da cidade, Dom João Antônio dos Santos. Por volta de 1867, com a finalidade de abrigar religiosas da ordem de São Vicente de Paulo, ocorrem algumas mudanças na Casa, que passa a ser conhecida como Orfanato, e posteriormente como Educandário Feminino de Nossa Senhora das Dores. Posteriormente, as religiosas adquiriram o edifício do outro lado da rua, e, para unir as duas casas, construíram o famoso Passadiço de Diamantina. Os habitantes mais antigos de Diamantina contam que a vida no orfanato era de muito sofrimento para as orfãs. Elas eram humilhadas pelas freiras e obrigadas a trabalhar arduamente. Em 1969, pesquisadores alemães compraram a casa e a transformaram no Instituto Eschwege, que foi incorporada em 1979 pela UFMG, com o apoio do Ministério da Educação e da Cultura.” 

Fonte: Wikipédia

Passadiço da Glória
Casa da Glória
Voltamos para a República com pão queijo, presunto e refri para o lanche. Combinamos uma janta de despedida, e o Vitão, dono do carro, nos levou para comprarmos as coisas. Ele mesmo acabou fazendo um macarrão com peito de frango na panela de pressão. Lembrei desta maravilha 'orgânica' durante a manhã do dia seguinte, dia da despedida. Conseguimos nos despedir apenas do Mateus que acordou para despedir de sua namorada. Foi muito bacana conhecer tantos mineiros bacanas em uma cidade linda como Diamantina.

André, Vitão, Diego, John, Antônio, Eliza, Mateus e Chicó

Mas voltar para a estrada e conhecer lugares inéditos para nós, não tem preço. Começamos a famosa Estrada Real...
Estrada Real



terça-feira, 20 de setembro de 2011

Subindo uma serra de estrada de terra.




A sensação de subir uma serra em estrada de terra passeia por dois músculos da coxa super aquecidos, exercitando forças inéditas com uma costa arqueada para frente para não empinar a bike com os 30 kg de bagagem na traseira. O pulmão não te deixa esquecer nem por um segundo que você não vive sem oxigênio e a sua distribuição depende o batimento mais forte do músculo mais forte do homem, sua ressonância ecoa no pescoço todo chegando na cabeça, que pode amenizar, criar, fazer e depois desfazer qualquer estado de uma consciência de vida instantânea. Esta guerra física e psicológica é infinita. O cérebro é o bom senso msturado com a memória de várias referências. Quando se depara com o inédito, ele tem que criar uma referência e nessa hora se ele estiver com o corpo clamando por um caminho, ele fará uma busca rápida em seus arquivos e fará uma média geral. O tanto que ele conseguir superar esta média sem esbarrar nos limites do corpo será o tamanho de sua nova resistência Mais ou menos assim.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

2ª Semana - Paracatu à Diamantina



Saímos de Paracatu no dia 06 de setembro com destino a João Pinheiro. Foram 108 km de pedalada, fora o pneu que furou nenhum imprevisto. Estrada cheia, calor intenso e seco até que chegamos à pensão da Dona Zélia para dormir.

Como não tinha quartos vagos ela nos disponibilizou sua garagem para colocarmos nossos colchões. Uma senhora com exemplares 82 anos de muito trabalho rodeados de uma bela família, que pudemos conhecer pelas fotos, e malandros que povoam sua casa. Ela disse que até pegar dinheiro na sua carteira tinha gente que fazia.



 No segundo dia o destino foi Luizlândia do Oeste, 85 km. Almoçamos em um posto de gasolina, dormimos uma hora para escondermos do sol e partimos às 14:00h para chegarmos ao destino às 17:30h. Passamos o feriado dormindo em um posto de gasolina ao ar livre.


 No terceiro dia nosso destino foi a cidade de Três Marias. Uma cidade bastante peculiar. Ela tem uma das maiores represas do país que passa pela Hidrelétrica da CEMIG levando energia para todo o estado mineiro. A cidade embora pequena, cerca de 33mil habitantes, segundo um motoboy que nos acompanhou durante um trecho do caminho, possui uma economia bastante dinâmica.



Chegamos quinta feira e no final de semana aconteceria um carnaval fora de época que resolvemos não participar. Fomos para a praia, passamos pela hidrelétrica e fizemos acampamento à beira da represa. No outro dia, nadamos, tocamos violão, fizemos um lanche e fomos almoçar no centro da cidade. De lá tocamos viagem.


Na primeira subida conseguimos pegar rabeira em um caminhão. Passamos por um grande incêndio na mata e dormimos em um posto a 50 km de Felixlândia. Mais uma vez dormimos no posto de gasolina com direito a janta de graça e banho quente.


 No dia 10 de setembro após os preparativos matinais, conversamos com um motorista paranaense gordo que disse estar 5 dias sem dormir à base de Rebite. Vida louca. Nosso destino era Curvelo e pela primeira vez saímos da BR – 040 e pegamos uma estrada muito agradável e bem mais vazia.


Paramos para tomar um leite de vaca cremoso direto da leiteira Careta. A mimosa nos presenteou com um néctar dos deuses naquela altura do campeonato.


 Chegando em Curvelo resolvemos seguir mais adiante e estacionamos em Inimutaba. Cidade estranha não muito receptiva conosco. Pedimos informações de um lugar para repouso para uns policiais que nos recomendaram outro posto na rodovia. O banho era caríssimo; R$ 3,00 então resolvemos dormir sem ele.


 No outro dia acordamos às 5:00 h da manhã num frio de gelar a espinha. No começo pouca subida, depois da cidade Presidente Juscelino pegamos 20 km de SERRA. A parte mais difícil do percurso. Tivemos a infelicidade de percorrê-lo no sol a pino do meio dia. A temperatura do corpo estava muito alta e após 15 km de subida tivemos que parar 5 minutos em uma sombra.


 Jogamos água no corpo e continuamos a subir até que passou um caminhão bem devagar e tentamos pegar rabeira. O *&%¨#¨#, desviou da gente invadindo a pista contrária quase causando um acidente. Sorte que logo em seguida já vinha outro caminhão que buzinou sugerindo nossa futura rabeira. Foi um alívio. Chegamos ao cume da serra e no final da descida paramos à beira de um córrego para nos refrescarmos e fazer nosso almoço. Era tudo que precisávamos.




Depois do descanso, mais subidas, várias em um cenário que enchiam os olhos e cansava as pernas. Foram 85 km pesados. Dia 12 de setembro chegamos à maravilhosa cidade de Diamantina. Os mineiros daqui são muito receptivos e logo no centro da cidade fomos convidados para tomar um refrigerante na mesa de quatro agentes prisionais muito engraçados.


Eles compraram 6 adesivos nossos e nos ofereceram abrigo para os dias seguintes. Ficamos surpreendidos com tudo nesta cidade. A arquitetura é fantástica, as ladeiras são bastante inclinadas e a cidade é história pura. Cidade de JK, Diamantina se tornou patrimônio cultural em 1999.Conhecê-la é preciso.








quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Início da viagem


Tudo começou no dia 29 de agosto, o destino era Pires do Rio, foram 150 km exigentes. Saída às 6 da manhã e chegada às 7 da noite. O almoço foi perto de Cristianópolis, uma dormidinha para recuperar o fôlego e segue viagem. Em Pires do Rio um casal de amigos, Renata e Thadeu já estavam com uma maravilhosa janta no fogo, comemos e caímos no sono. O dia seguinte foi só descanso.

Thadeu, Diego e Renata



No 3º dia de viagem a cidade final era Cristalina, 140 km. Uma cidade bem alta, próxima de Brasília, bem no planalto central. No dia de chegada o local de descanso foi uma pensão. Em Cristalina tem a famosa pedra chamada chapéu-do-sol. Uma pedra de 100 toneladas sustentada por uma base de apenas 1 metro, INCRÍVEL.

Pedra Chapéu-do-Sol

Depois da visita na pedra rolou um almoço em frente à prefeitura de Cristalina. Lá apareceu o professor Doriel, ótima pessoa, que ofereceu abrigo e comida. Na sexta o destino era Minas Gerais, a cidade de Paracatu. Lá encontramos nosso querido amigo Pedro e seu irmão Matheus, fomos muito bem recepcionados por eles e pelas pessoas que com eles estavam. Ficamos lá por uns dias, descansamos e depois seguimos viagem.

Diego,  Pedro, André e Érika


Obs.: Agradecemos a todas as pessoas que nos acolheu e nos recebeu muito bem, e por todas pessoas que encontramos no caminho. Obrigado de coração, vocês foram fundamentais para o começo da nossa viagem.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011



“Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser. Que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”

Amyr Klink