quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Rodovia BR-101 sentido Bahia




Caminhão carona Br-101
 Dia 21 de dezembro eu comecei meu percurso para Bahia. Queria chegar para o natal e sabia que teria que pegar carona de caminhão para conseguir. Pedalei até Rio das Ostras e de lá segui para famosa e perigosa BR-101, Rio -Bahia. Me informei sobre o posto com o maior número de caminhoneiros e então resolvi andar 10 km no sentido contrário da Bahia pois encontraria um posto com boas possibilidades de carona. Pedalei a noite cheguei ao posto, arranjei uma janta e dormi na rede ao lado da bike.
 
Local do lanche antes de entrar na Br-101

Pôr do sol - Rodovia Br-101

Restaurante - Posto de gasolina

Acampamento posto de gasolina

Acordei ás 07:00h e muitos caminhoneiros já tinham partido, conversei com um frentista e ele me disse que havia postos de gasolina mais cheios pelo caminho. Então peguei estrada. Pedalei cerca de 50 km e parei em um posto antes do almoço. Perguntei á todos os caminhoneiros sobre uma carona e a maioria deles estava seguindo sentido Rio de Janeiro. Logo vi que teria que pegar caronas curtas para as cidades mais próximas. De noite consegui uma carona de pouco mais de 100 km e consegui atravessar a fronteira do Estado do Espírito Santo.

 
Ponte Br-101
Fui avisado que era um posto cheio de puta e teria que ficar de olho nas minhas coisas. Cheguei e já fiquei na parte de fora do posto vendo todos os caminhões que chegavam viajando no destino que eu queria. E logo um ser do mesmo sexo que o meu chegou: “Você está viajando de bicicleta?” e então“...eu faço programa...” . Armei uma cara feia e logo a bicha estava do lado oposto da rodovia. Chegou um cara de moto acenou para ele, que desceu no meio do mato e sumiu na escuridão. De longe uma mina menor de idade dançava mostrando seu preço e logo um caminhão passou e levou. Elas simplesmente entram na cabine sem muita conversa e são deixadas em qualquer lugar pelo caminho. Uma tristeza! Não consegui carona e fui armar minha rede atrás de alguns caminhões. Muito mosquito, cansado e um pouco preocupado com minhas coisas. Dormi.
Acampamento posto 2

Tentando dormir

Acordei ás 06:00h conversei com vários caminhoneiros e nada. Consegui um lanche magro e resolvi seguir pedalando para o próximo posto. Cheguei para o almoço horrível e então continuei um pouco mais para um posto mais conhecido da região. Lá consegui mais outra carona de 150 km. Caminhoneiro jovem, não tomava rebite e respeitava os limites de seu corpo. Mas disse que têm vários caminhoneiros que viajam5 dias seguidos sem dormir. Muitas empresas preferem transportar suas mercadorias com esses malucos, o que acaba gerando uma necessidade para os caminhoneiros terceirizados de se adequarem ao estilo pupila dilatada. Uma velocidade irresponsável e muito perigosa.
A ponte do rio que caiu

A ponte do rio que caiu
De noite dormi na rede novamente e ainda faltavam 500 quilômetros para chegar em Eunápolis e de lá partir para o paraíso e curtir o natal com o Diego e nossos amigos. Mas imaginei que poderia passar o natal na estrada. Acordei no dia 24 escrevi bem grande em uma camiseta branca “Carona pra Bahia?” e pedalei uns 80 km até outro posto capixaba e felizmente consegui carona com um caminhoneiro Rock and roll até Eunápolis. Muito solícito amarrou minha bike em cima da carroceria que estava totalmente cheia de Pepsi e acomodei minhas bagagens na cabine que não tinha o banco da frente.

Ciclista Br-101

Bicicleta amarrada com cinta em cima do caminhão
 Cinquentão, com uma bandeira da Inglaterra amarrada na cabeça e um dente de algum bicho no peito. Em um dos olhos ele tinha uma sombra desenhada, figurassa. Fortão, surfista, deu uma volta no mundo em um barco turístico e juntou grana para comprar o caminhão. Ele me falou “..você já viu caminhoneiro assim?” e olhou para si mesmo. Realmente ele não tinha nada a ver com o estereótipo barrigudo desleixado de um caminhoneiro. Organizado e muito saudável levava consigo, muita fruta, pão de grãos da melhor qualidade, mel, azeite e um liquidificador industrial onde ele preparava vários sucos. Quando paramos para comer ele fez um de couve com limão que ficou uma maravilha. Não comia a comida podre de restaurante de estrada. Fomos conversando e ouvindo rock androll no último volume.

Carona caminhoneiro

Caminhoneiro Rock and Roll
 De hora em hora ele xingava os motoristas burros da rodovia e toda vez que eu abria a boca, ele falava “ãh?” e abaixava o som para me escutar. De tanto rock androll na cabeça ele ficara meio surdo. No meio de uma conversa senti falta da minha bolsa de guidão e então percebi que a tinha deixado no posto. Fiquei puto! Meus adesivos, minha lanterna de cabeça e meu diário. Uma tragédia, catástrofe, apocalipse. Dormi um pouco e cerca de 21:00h chegamos em Eunápolis.

Caminhão Rock and Roll
Arrumei minhas coisas em um posto cheio de putas novamente e uma ofereceu seus serviços. No thanks! Voei para a rodoviária e descobri que não tinha mais ônibus para Caraíva. Tentei carona e não queria pedalar 120 km de noite. Tive que dormir por lá. Muito cansado resolvi que iria pagar para cochilar. Arrumei um quarto R$ 12,00 com televisão para passar meu natal vendo a missa do galo matando tempo e mosquito. Não tinha mosquiteiro e estava um calor dos infernos. Ou ficava suando debaixo do lençol recebendo picada só na cara ou então tirava o lençol e virava a festa do boi para os insetos. De hora em hora eu levantava para assassinar mosquitos que quanto mais levavam meu sangue, mais lentos ficavam e mais fácil era conseguir assassina-los. Que natal horrível, só consegui dormir ás 06:00 h e logo cedo a dona da mosquitaria veio me lembrar o horário do despejo. Levantei arrumei a bike e segui para a rodoviária. Uns policiais gritavam com um baiano infrator e então aguardei o ônibus chegar. Em pouco mais de 3 horas chegaria no local mais maravilhoso da viagem. Caraíva...

Rodovia Br-101


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Búzios


por Diego

Saí da Praia Grande e fui direto para rodovia que liga Arraial do Cabo a Búzios, plana e com bastante vento. No caminho passei por Cabo Frio, fiz algumas fotos e logo segui em direção a Búzios.

Cabo Frio
Cheguei lá e como na maioria das vezes sem lugar para ficar, rodei a cidade inteira atrás de um camping que um argentino tinha indicado, fui achar o camping era quase noite. Conversei com uma senhora muito simpática e ela me deixou ficar duas noites no camping dela, bem organizado e limpo. Estava só eu e um casal de argentinos com o seu chiquito, eles não falavam português e mais uma vez eu estava soltando o portunhol a dar com pau.
Camping em Búzios 

Andei bastante de bicicleta por Búzios, conheci algumas praias e pontos turísticos da cidade. Estava andando pela rua das pedras e de repente vi uma movimentação de salgadinhos e refrigerantes, para rápido e comecei apetiscar um pouco. Era inauguração do Parque dos Corais, muito bacana o espaço, pequeno mas com muita coisa.
Praia Geribá

Praia do Forno

Brigitte Bardot

Parque dos Corais 

Praia João Fernandes
Em Búzios o turismo é um pouco de luxo, as coisas são caras, ainda bem que sempre tem alguém para nos salvar. Dessa vez foi uma cozinheira simpática que liberou um marmitex para mim, foi maravilhoso, salvou o dia.

No outro dia acordei cedo e segui viagem rumo a Bahia, estava ansioso para reencontrar minha namorada que chegaria no dia 12 de dezembro em Arraial d’Ajuda.


por André

Saí de bike de manhã em direção á Búzios. Fez um baita sol e a geografia local é ótima para um pedal. Pena que chegando em Cabo Frio meu pneu traseiro, que já estava com bolha, estourou. Perdi um pouco a direção mas não estava muito rápido, então não tive problemas maiores. Encostei a bike em um coqueiro, procurei por informações e um copo d’agua em uma mecânica e conclui que tinha que pedir carona. Menos de 20 minutos e já estava em cima de um pequeno caminhão de entrega de mercadorias, eles me ensinaram o caminho para uma boa bicicletaria e quando paramos segui pra lá.

Troquei a câmara que tinha rasgado e coloquei um pneu liso para render mais a pedalada no asfalto. Tudo ficou como cortesia da Real Cicle em Cabo Frio. Eles foram bastante atenciosos comigo e rapidamente pude pegar estrada novamente.

Cheguei em Búzios ao meio dia e junto com Erika que me aguardava na estação rodoviária fomos no Hostel Che Lagarto. Eles estavam cheios mas prometeram uma cortesia para os dias seguintes. Procurei por mais dois Hostels de um dono argentino e o gerente disse que só poderia me conceder uma estadia se conseguisse falar com eles após ás 21:00h. Eram 15:00h e então fomos comer uma melancia e um açaí para pegarmos o fim de tarde na praia mais próxima. Na volta, enquanto passei em uma lanchonete para pedir que o cara enxaguasse meu copo, um cara se interessou pelo meu projeto e acabou me oferecendo uma cortesia em sua pousada um pouco longe dali.


Seguimos pra lá empurrando a bicicleta, viramos na rua da linguiça e então localizamos a pousada. Chamei por alguém e apareceu uma senhora que manifestou não saber nada sobre minha cortesia e disse que não era possível minha estadia lá já que a pousada estava cheia. Tentei descrever a pessoa que me presenteara, mas foi em vão. Já era noite e então resolvemos procurar uma pousada barata e em frente a uma delas o funcionário nos informou de um local mais barato para dormir, “um centro budista”. Coincidência ou não, estava passando um morador deste local que ouvira a estória e me conduziu rua á cima para a casa de Ive com 6000m² de área. Ela era budista mais sua casa não, e ela alugava algumas partes da imensa casa para algumas pessoas ficarem. Para nós ela reservou um quarto de seu filho que não se encontrava.

Ficamos no primeiro andar, varremos tudo, arrumamos nossas coisas e fomos dar uma volta no centro da cidade. Búzios tem um turismo de nariz em pé, foi o local mais difícil de vender adesivos. Talvez por serem em maioria cariocas e estarem de saco cheio de serem interrompidos em suas mesas pelos inúmeros vendedores ambulantes que vemos na noite do rio.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Arraial do Cabo


por Diego minduim

Saí de Conceição do Jacareí e fui pedalando até Mangaratiba, consegui dormir atrás de um posto que supostamente ficava muitos caminhoneiros, estava atrás de uma carona. Acordei e só estava eu e os frentistas, desisti da carona e peguei um ônibus até Niterói. Atravessar a ponte Rio-Niterói de bike não é tarefa fácil. Quando cheguei em Niterói, fui pedalando de uma rodoviária a outra e lá peguei um ônibus para Araruama. Pedalei 50km em uma estrada plana e com muito vento contra, cheguei em Arraial do Cabo umas 5 hrs da tarde. Fui recepcionado pela linda Prainha, a primeira da cidade, o mar é lindo, transparente e estava delicioso.


Fui atrás de um lugar para ficar e arrumei uma noite em um camping. Antes de entrar para dormir, conversei com um casal que me indicou o pessoal que remava no outro dia 6 hrs da manhã, fiquei animado com a ideia e dormi cedo. Acordei antes do sol sair e logo já estava na praia dos Anjos, local de encontro. Saímos eu e 2 casais para remar em uma canoa havaiana. A canoa que foi um dos primeiros meios de transportes marinhos, utilizada antigamente na região da polinésia. Remamos até a praia do forno, mergulhamos no lindo mar de Arraial e voltamos na mesma pegada.







Tentei até deitar e dormir um pouco mas não consegui. Levantei animado, arrumei minhas coisas e parti rumo a Búzios. Antes de pegar a estrada passei na praia grande, a única praia no Brasil que é possível ver o sol se por, pena que não fiquei até isso acontecer.



sábado, 4 de fevereiro de 2012

Arraial do Cabo


Arraial do Cabo
 Fui de bicicleta do Leme para a rodoviária do Rio. Passei por todo o aterro do Botafogo, pelo centro e então cheguei à rodoviária. Assim que descobri que o embarque seria no andar de cima tive que arranjar alguma maneira de subir a escada rolante com minha bike e 30 kg de bagagem. Fiquei contando o tempo dos degraus e imaginei a entrada perfeita para colocar a roda dianteira em um degrau eu no meio e a roda traseira com todo o peso no terceiro degrau. E como o peso fica atrás seria também necessário frear a roda dianteira para que a magrela não empinasse e caísse descompassando tudo. Também conversei com o segurança sobre o meu problema e ele me encorajou para subir com tudo de uma vez, talvez ele queria ver algo diferente acontecer. Imagino que o tédio de ser segurança só é ameaçado quando alguém entra no local por ele protegido para causar prejuízos e então ele toma um tiro, ou quando um cicloturista pedala escada abaixo. Aguardei uma vaga naquele mar de gente querendo subir a rolante e então lá fui eu. Subi na escada, acionei o freio, aguardei a roda traseira repousar no terceiro degrau com segurança e então me preparei para viver em um novo mundo; o segundo andar da rodoviária.
Comprei as passagens, não lanchei e desci para o pátio dos ônibus. Chegou um com quase todas as características do meu e no final de uma discussão com o cobrador sobre poder ou não transportar meu meio de transporte, já com a bike dentro do bagageiro, já com minha passagem na mão do cara, o motorista que tem a função de dirigir percebeu que meu ônibus era o próximo. Que bacana! O outro ônibus chegou, mostrei minha carteira da Confederação Goiana de ciclismo que eu consegui desembolsando R$25,00 e não tive problemas em levar a bicicleta, o motora estava com mais pressa do que eu.

Arraial do Cabo

 A viagem, como todas feitas em um ônibus, foi um saco mas após pouco mais de 3 horas eu estava em Arraial do Cabo. Fui em busca de um camping e consegui uma cortesia para aquela noite. Conversei um pouco com o vigia, armei minha barraca e fui tomar um banho. Saí do banho com o vigia e dois companheiros cheirando cocaína na pia e conversando fiado. Imaginei que não seria muito seguro deixar minhas coisas soltas no local e após uma longa dose de conversa besta eu fui dormir. Acordei dentro da menor barraca do mundo, após uma noite de chuva. Aguardei minha namorada chegar na rodoviária e então fui praticamente expulso do camping pelo senhor mais ignorante do universo. Ele sentiu muito prazer em me chutar do seu estabelecimento e no final das contas foi muito bom pois acabei arranjando duas cortesias para ficar no Hostel Vilas Boas.

Hostel Villas Boas

Grande Pablo
 O Pablo, um argentino recém chegado no Brasil, fez de tudo para conseguir minha estadia com seu chefe e em troca eu faria uma filmagem do seu estabelecimento para um vídeo no Youtube. Valeu pessoal, o Vilas Boas é muito aconchegante. Para quem for conhecer Arraial do Cabo, aqui minha dica http://www.hostelvillasboas.com.br/. O melhor de um Hostel, na minha opinião, são os hóspedes sempre respeitosos e bem educados. Talvez porque são na maioria gringos.

Pablo, André, Erika
 No dia seguinte fomos á Praia dos Anjos e chegando à areia vemos todo mundo olhando em direção ao mar. De repente aparece um salva vidas arredondado reclamando estar sozinho. Ele estava correndo para chamar um colega de profissão para procurar um menino que afogara na praia ao lado da marinha. Estacionamos na areia e assistimos um resgate mal preparado.

Salva-vidas

Puxando a rede

Cabo de força 

Logo apareceu um barco da marinha, outro do corpo de bombeiros e mais salva-vidas. E então uns pescadores jogaram uma rede gigante para tentar pescar o suposto corpo. Engraçado que não tinha ninguém preocupado com o menino “de seus 14, 15 anos” e no local do acidente outros tantos meninos continuavam brincando no mar bastante calmo e sem ondas. Após um cabo de força humano chegaram á praia duas tartarugas gigantes na rede. Foi tudo muito surreal!

Salva-vidas de tartarugas

Salva-vidas de tartarugas

Praia dos Anjos

De noite conhecemos um barzinho na rua do Hostel e decidimos seguir para Búzios no dia seguinte se fizesse sol...