quinta-feira, 25 de outubro de 2012

De Barreirinhas para São luís



Saímos de Barreirinhas dia 08 de outubro, domingo, sentido São Luís. Era dia de votação e resolvemos justificar o nosso não voto em uma cidadezinha mais a frente no horário do almoço, que deveria estar mais vazio. Começamos a luta no sol bravo do Maranhas. O bom que pelo caminho tinha muitos rios com água limpa e paramos em um deles para uma refrescada “forever young”. No horário do almoço chegamos a um restaurante que nos haviam informado e a dona disse que aquele dia não tinha comida. Indicou-nos outro estabelecimento 40 km pra frente. Pelo menos a estrada era bem plana, porque o sol estava chegando no seu pico máximo de calor que é por volta das 12:30h / 13:00h e se mantivéssemos a 20 km por hora sem parar, seriam mais duas horas de pedal sem comida. Aumentamos o ritmo e chegamos em menos de duas horas num posto que não tinha nada e o restaurante mais próximo muito menos.



O cara nos indicou que havia outro 6 km á frente, antes de chegar numa ponte. Nuitas pessoas tem o senso nulo de distância entre dois pontos. Sempre que precisamos de informação, nunca a levamos ao pé da letra e no caso de uma projeção de distância, sempre contamos com uns quilômetros a mais nos palpites. Os caminhoneiros são os reis das estradas. Ciclistas, devido ao velocímetro, á velocidade e a maneira como se locomovem, são os que mais conhecem sobre as pequenas e médias distâncias entre os lugares; faltam responder em metros uma distância em quilômetros. Pedestres muitas vezes fazem a conta errada, agora muitas mulheres às vezes não tem noção nenhuma. Sem machismo! Enfim seguimos o caminho e pensamos que se chegássemos neste terceiro restaurante, e não houvesse comida, estaríamos um pouco encrencados. Passamos os 6km e quando chegamos no décimo imaginamos se o cara simplesmente não poderia ter errado, ou se por falta de atenção tínhamos passado por ele, que poderia estar fechado e nós não o notamos. Continuamos pouco receosos mas logo depois de 3 km chegamos ao restaurante na beira do rio que estava fechado. Só tínhamos R$ 20,00 em uma única nota e eu resolvi dar um pulo no rio, esfriar o corpo e esperar um pouco, ao invés de continuar. O Diego cogitou seguir mas como não tínhamos como dividir o dinheiro ele ficou. Ao voltar a mulher tinha chegado e nos fez dois pratos enquanto o marido ligava o reggae na maior altura possível e tomava whisky com red bull para começar a labuta. Chegou um pessoal morrendo de sede depois de um dia inteiro de Lei seca e após terminarmos o almoço janta só queríamos descansar. Estava escurecendo e perguntei ao dono se podíamos dormir em seu estabelecimento e ele nos emprestou uma casinha sua logo acima. Um funcionário nos levou lá e montamos uma barraca dentro de uma casa de barro super quente, cheia de mosquitos e morcegos e sem janelas. Resolvemos então dormir do lado de fora.


No outro dia tocamos em ritmo acelerado após o lanche matinal com nosso mix, leite em pó e água. Após os primeiros 40 km nos vimos na mesma situação, só que agora com R$ 4,00 no bolso e uma fome de ontem. Nenhum lugar passava cartão e depois de muito sol intenso a frentista do posto disse que na cidade a frente passava cartão. Descemos uma boa ladeira e ao chegarmos em outro posto, outra pessoa disse que não passava o dinheiro de plástico e o melhor que tínhamos que fazer era subir de volta a ladeira atrás de uma pousada beira de um rio para banho que tinha a máquina. Chegamos verdes e embora o cardápio caro, já de começo foram dois mistos e 3 achocolatados pra mim. Tomamos um belíssimo banho no rio e ganhamos uma cortesia do almoço. Foi muito especial aquele momento, demos muito valor aquela comida, aquele lugar, e voltamos semi novos para a estrada. Chegamos de noite na pequena cidade e fizemos um belo lanche em um supermercado. Compramos o kit mix café da manhã completo e seguimos para um posto de gasolina tentardormir. No meio do caminho vi uma pousada e tentei uma cortesia, mas o cara, muito simpático, estava com sua casa cheia e nos indicou um pequeno hotel. Lá felizmente conseguimos uma pernoite no menor quarto do mundo. Uma rede em cima de uma cama, um ventilador e só. O quarto estava bastante quente mas não tive problemas em dormir. O Diego acordava toda hora para assassinar mosquitos e jogar água no corpo e no chão do quarto para refrescar.


 Dia seguinte, tomamos o café e seguimos poucos quilômetros para um posto onde íamos pegar carona para entrar em São Luís. O cicloturista Kico Zaninetti (http://alunodaestrada.com/) disse que foi o pior trecho que ele pegou em quase dois anos de viagem. Acostamento horrível, muito caminhão etc... Conseguimos uma cortesia com o almoço horroroso do posto e depois continuamos a tentar carona com todos que chegavam. Até que um cara mal humorado com uma caminhonete bem velha não conseguiu nos falar não e levou-nos para a capital do maranhas. No caminho não trocamos uma palavra e nem nos despedimos quando ele parou em seu destino final. Estávamos finalmente em São Luís.

Lençóis Maranhenses - Barreirinhas


Antes de chegar a Barreirinhas, porta de entrada para o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses, tivemos um caminho longo e complicado, nossa melhor opção era pegar um jipe. Entre Tutóia e Paulino Neves a estrada é asfaltada e tranquila, depois começa um trecho com muita areia passando pelo meio das dunas. O motorista tem que ser bom no volante e conhecer bem a região, muito buraco pelo caminho e o jipe balança muito. O caminho é lento, confuso e, as vezes, estreito passando no meio da mata, o André para apanhar caju bastava esticar o braço e pegar.


Chegamos por volta de 1 hora da tarde e fomos direto para a Pousada do Rio. Conseguimos uma parceria com a Lotus Turismo, a agência cedeu os 2 passeios (Lençóis e Rio Preguiça) e ainda conseguiu uma estadia na pousada. Estávamos morrendo de fome e por sorte o pessoal da pousada nos convidou para o almoço, fomos muito bem tratados por lá, agradecemos a todos pela atenção. A pousada é na beira do rio, o quarto tem uma sacada com uma rede, ar-condicionado, televisão e o café da manhã completo, tudo que precisávamos para nos recompor dos dias anteriores.

Pousada do Rio



Já no primeiro dia saímos depois do almoço e fomos direto para os Lençóis. Outubro não é a melhor época para se visitar os lençóis e as lagoas estavam quase todas secas. A melhor época para ir é entre os meses de junho e agosto, onde se formam lagoas azuis entre todas as dunas. Mesmo visitando somente a Lagoa Azul, que é ótima para banho, ficamos maravilhados com tamanha beleza do parque. As pernas sofrem com os sobe e desce das dunas mas tudo é compensado pelo visual. Ficamos por lá até o sol se por, é no crepúsculo que se inicia outro espetáculo, o céu toma várias cores a cada minuto, a todo instante é um novo quadro, difícil é segurar a emoção de estar em um lugar tão mágico.

Lençóis Maranhenses

Lagoa Azul









Acordamos cedo para o outro passeio, descer o rio preguiça até a vila de Caburé a beira mar. Saímos de Barreirinhas em uma lancha de alta velocidade, agora acompanhados de um grupo, e começamos o passeio passando por um manguezal gigante, em alguns trechos o mangue alcança até 30 metros. Nossa primeira parada foi em um local chamado Vassouras, um barzinho na beira do rio, rodeado por dunas que está comendo a vegetação e por macacos larápios (quem já foi na UFG conhece bem esses macacos). No caminho conhecemos o Edu, um paulista empresário do ramo de brinquedos e moveis de madeira, conversamos sobre muitas coisas, desde negócios a problemas sociais relacionados ao crack. Conhecemos também 2 francesas que moram na Guiana Francesa e estavam fazendo um Fast Tour pelo Brasil, poucos dias em vários lugares. Pelo que entendemos elas fazem parto na Guiana, o inglês delas não era dos melhores, e o nosso também é um pouco limitado, o André conseguiu ajudar elas com o almoço e tivemos várias tentativas de conversas sem muito sucesso. Outra parte do passeio que gostei muito é a vista ao Farol Preguiças, depois de subir dezenas de escadas temos uma vista maravilhosa de toda região.




Vassouras
Lá as areias vão cobrindo tudo

Farol Preguiças

Vista do Farol

Caburé

Praia em Caburé

Para finalizar em Barreirinhas fomos presenteados com um banquete de salada e uma deliciosa pizza no Marina Tropical pizzaria. Acordamos cedo, tomamos café da manhã e voltamos para estrada para 3 dias de pedal até a Jamaica brasileira, São Luís.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Chaval - Parnaíba - Tutóia



Encontro cicloturístico

Despedir de Jericoacoara não foi fácil. Para mim o local mais sensacional da viagem. Penso que nem é muito bom ficar exaltando-a para não a encher demais de turistas nos próximos verões. Ainda mais depois que o aeroporto da região ficar pronto. Quando fui pegar a bike para arrumar as coisas o pneu estava furado. Remendei o furo e ao colocar a roda no lugar não consegui apertar a rosca do eixo com a grampola, estava espanado. Tentamos algumas alternativas e vimos que teríamos que arrumar outro eixo em Jijoca.

D-20
Pegamos uma D-20 para atravessar as dunas e logo estávamos em Jijoca de Jericoacoara. Fomos para a loja recomendada e estava fechada para almoço. Bati na porta para guardar a bicicleta e sairmos para almoçar também. Na volta o cara foi muito simpático e seu funcionário fez de tudo para nos ajudar. Por muita sorte, já que na cidade não tinha peças para bicicletas mais sofisticadas com 27 velocidades como a minha. Ele tinha um eixo usado quase idêntico ao meu e me deu. Eu tinha que trocar os raios e para isso ele tinha que tirar as coroas, mas infelizmente não tinha a chave certa. Tentou tudo que pode, inclusive batendo com uma chave de fenda para rodar a coroa menor e então tirar todo o conjunto das 9 coroas e vi que por mais que ele conseguisse tirá-la, não iria conseguir apertá-la que é o mais difícil. Segui com os raios velhos mesmo.
Estávamos no pedal novamente. Muitos dias sem pedalar e como sempre, sentíamos os músculos se acostumando lentamente ao processo. E não pedalamos mais do que duas horas e revi um filme. Os raios da minha roda, desgastados e carcomidos pela maresia, cedendo um por um até a roda ficar tão torta e começar fazer rotações tão irregulares que o pneu começou a pegar no quadro. Sorte que estávamos perto de um posto de gasolina onde paramos para tentar carona para a próxima cidade em busca de uma bicicletaria. Rapidamente conseguimos subir em um caminhão que transportava cervejas e que nos deixou em frente a principal loja da cidade. Já tinha comprado raios inox, óleo para corrente e na loja comprei rodas novos já que a traseira tinha quebrado em uma das extremidades de um raio e novos pneus também.  Foi o maior gasto com peças que tive na viagem. R$ 150,00. O mecânico era bom e o trabalho ficou quase 100%, só não foi completo, pois quando já a 2 km da loja percebi que estava com o velocímetro sem marcar a velocidade. Ele esquecera de colocar o imã no raio para marcar as rotações! Voltei, ele arrumou, nos despedimos novamente e até que enfim pegamos estrada sentido Barroquinha.

Trocando rodas, raios e pneus
Chegando lá paramos para um sorvete em frente a uma escola onde conseguimos água e os alunos por detrás da grade ficavam nos chamando para esconder a cara quando olhávamos para trás. Pagamos e iniciei o pedal na frente e pouco mais adiante o Diego gritou para eu esperar. Ele viu uma bike cheia de bagagens com uma bandeira do Chile e do Brasil do outro lado da pista. Era o “chileno” que tínhamos ouvido falar algumas vezes durante o percurso. Estava indo no mesmo sentido que agente e tinha parado numa lan house para se comunicar com uma pessoa que iria hospedá-lo em Parnaíba. Trocamos várias figuras,  fizemos uma entrevista com o César e fomos em um ritmo lento até Chaval. A bike dele era bem mais pesada que a nossa, com um guidão mais alto e o banco mais confortável. Ele preferia uma pedalada mais lenta e estava mais de dois anos na estrada, com 14.000 km percorridos com sentido ao México, onde tem alguns amigos esperando e pretende viver por um tempo.


Chegamos em Chaval quase de noite e lá o Diego, como de praxe, foi atrás de um jantar e eu preferi um lanche. Tomei vários sucos e conheci um senhor muito simpático que me ofereceu sua casa para pernoitamos. Fomos pra sua casa humilde vizinha de parede de uma igreja evangélica em pleno culto ensurdecedor onde dormimos.

Dormindo em Chaval 
No dia seguinte tomamos café com o senhor e conhecemos o redor de sua casa cheio de pedras e com um visual diferente do que estávamos acostumados. Tiramos uma bela foto, deixei minha raquete de frescobol com a bolinha para seus filhos e seguimos em direção ao delta do Parnaíba. Entramos no Piauí, no meio da caatinga seca e muito sol e fomos devagar até um restaurante beira de estrada onde chegamos com muita fome. Estávamos sem nada de dinheiro e o César nos emprestou R$ 7,00 para eu e Diego almoçarmos e tomarmos 2 litros de suco de manga e goiaba deliciosos. Após o almoço o César foi dar uma esticada enquanto nós ficamos conversando.

Chaval - CE

Chaval - CE

Filhos do senhor simpático

Casa de barro 

Família e vizinhança reunida
Chegamos em Parnaíba e nos despedimos de nosso amigo que tinha um pouso certo. Tiramos dinheiro fiz uma pequena compra, internet, venda de adesivos, jantar e colchão num posto de gasolina cheio de mosquitos. No meio da noite acordo com uma puta agachada olhando pra mim dizendo: “ Que que isso?”e rapidamente “E aí, vamos namorar um pouquinho?” Acordei meio assustado de um sonho e respondi que estava dormindo e então ela seguiu para o próximo caminhoneiro rapidamente e bateu em sua porta. O cara acordou e disse que era melhor ela ir dormir. Em sua terceira tentativa, ouvi alguns ruídos e risos e acho que ela conseguiu o que queria. Deveria ser mais uma pobre coitada viciada em crack, um dos problemas mais graves do Brasil hoje em dia. Acredito que a lei deveria ser muito mais severa para o traficante desta pedra maldita.

Divisa Ceará - Piauí

Divisa Piauí - Maranhão
No outro dia entramos no último estado do nordeste, o Maranhão. Paramos para um caldo de cana e a primeira pergunta que fiz para um maranhense foi sobre a política e a resposta foi que as coisas estavam melhorando, a estrada era nova e coisas do tipo. Após o almoço em um posto uma bela garota começou uma conversa comigo enquanto o Diego tirava um cochilo na rede. Ela disse que eu parecia um ex-namorado dela  baiano que a engravidou no Rio de Janeiro. “Como nenhuma firma aceita gente grávida...” ela logo teve que vir de volta para sua terra com o segundo filho. Pensou até em “dar” o menino para um hospital ou deixa-lo na porta de alguém, mas disse que se tivesse feito, teria hoje se arrependido muito. Não usou camisinha para fazer de um jeito que o baiano nunca mais esquecesse e se apaixonasse por ela. Deu no que deu. Não trabalha e vive com a mãe que também não trabalha e vive as custas do marido que deve trabalhar literalmente como um condenado.
Era época de eleição e o posto de gasolina estava cheio de automóveis em fila para encher o tanque por conta da atual prefeita que queria se reeleger. De noite teria comício numa cidadezinha perto e a bela moça ali estava para pegar carona e poder se distrair um pouco. Ela não pegava carona com qualquer um pois histórias de estupro com requinte de crueldade assombravam a região. Disse que para ir para as festas, as garotas tinham que se sujeitar ao que o dono do transporte quisesse pela carona, e ela não gostava disso. Contou sobre uma garota com menos de 15 anos com AIDS que após saber da doença fazia sexo com muito mais frequência. Perguntei sobre seu sonho e a senhorita romântica queria um amor eterno desses de novela que ela via todos os dias. Perguntei se o pai sabia da existência do filho e ela disse que sim mais não queria assumi-lo. Disse também que tinha medo de ir ao Rio sozinha e o baiano mandar matá-la. Essa história me fez lembrar a do goleiro Bruno e imaginei se seria muito excesso de televisão em sua cabeça ou se realmente o baiano seria capaz de tanto.

A bela moça
Acho que por ter sido simpático e a ter escutado e dado atenção por mais de uma hora e por talvez ser parecido com esse baiano percebi que ela gostou muito de mim até ela me convidar para sua casa que ficava á 10 km de estrada de terra dali. Disse que infelizmente tinha que seguir meu caminho e deixei meus contatos virtuais. Disse pra ela ser forte e tentar uma vida diferente em outro local com mais oportunidades. Tiramos uma foto e nos despedimos. Comecei a sentir um ódio tremendo por todos os políticos sarnentos que roubam a vida de milhões de brasileiros. Cadeia de poucos anos depois desse julgamento do mensalão é uma carícia na cabeça desses ordinários, cassação de mandato de Roseana Sarney é uma piada. Se fosse em outros países como a China por exemplo, o final era outro.

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Na próxima cidade que paramos para tomar um refresco, entramos numa espécie de bar onde tinha muitas meninas novas com marmanjos se agarrando e preferimos ficar do lado de fora. Então uma menina bêbada, com os dentes podres veio conversar com agente um monte de asneira. Que tristeza! Seguimos viagem novamente e quando a viagem passa dos 100 km começa a ficar bem  cansativa. Chegamos numa cidadezinha onde jantamos 4 coxinhas por falta de opção e dormimos atrás de mais um posto. Que dia comprido.

Repouso merecido
Acordamos e seguimos os últimos 30 km para ..... de onde pegamos um Jipe por R$ 50,00 com muita negociação para Barreirinhas. Na viagem de quase 3 horas fomos contemplando a mudança da vegetação contínua até chegarmos nas dunas dos Lençóis maranhenses, o cartão postal do Maranhão...




terça-feira, 9 de outubro de 2012

Jericoacoara


Saímos de Fortaleza pensando somente em nossa próxima parada, antes de chegar teríamos 3 dias de pedal. Pegamos a estrada sol poente e nossa primeira parada foi no povoado de Padre Anchieta, conseguimos um almoço em um posto e ali mesmo passamos a noite.

Padre Anchieta

O sol do Ceará sempre muito forte, nenhuma nuvem no céu e quando o pneu furava era difícil achar uma sombra na estrada para fazer o reparo. No segundo dia chegamos a Itarema, dormimos em um posto, nos escondemos tentando fugir mesmo do barulho do comício que estava ocorrendo na cidade. Acordamos ansiosos e só queríamos saber de chegar ao paraíso.

Sofrendo para remendar o pneu na caatinga do Ceará

Chegamos a Jijoca de Jericoacoara no meio da tarde, e como o caminho para Jericoacoara é no meio das dunas não fomos pedalando, pegamos um transporte bem comum lá, uma D-20 adaptada para carregar passageiros, não é muito confortável mas isso não importa, tudo vale a pena.

O André espremido junto com as bikes
Dunas no meio da estrada

Nossos primeiros dias passamos na pousada Senzala dos Amigos, das simpaticíssimas Sabrina e Natália, duas argentinas que largaram suas vidas lá e vieram viver em Jeri. A pousada é bem aconchegante, tem um ótimo café da manhã, mas o melhor de lá são as meninas que fizeram de tudo para que tivéssemos ótimos dias por lá.

Pousada Senzala dos Amigos

Pousada Senzala dos Amigos

Pousada Senzala dos Amigos

Diego, Sabrina, Natália e André

Saímos para conhecer a praia e também atrás de um lugar para tocar, logo no primeiro restaurante conseguimos, além de tocar vendo o maravilhoso pôr do sol em Jeri (devido à localização de Jeri o sol se põe no mar), ganhamos 50 reais e um belo almoço, começamos muito bem.

Fazendo o som no pôr do sol


Todos pelo caminho falavam que em Jeri iríamos nos dar bem com a música, muitos bares e restaurantes fazem música ao vivo por lá. Tocamos várias vezes lá, e um dos lugares que mais tocamos foi no Restaurante Manzuá. Conhecemos o Reco e ele agenciou umas serestas lá no restaurante. Reco é um cara figura e simpatia, ele é o pesca cliente e faz seu trabalho muito bem. Um abraço grande Reco.

Estúdio em Jeri
Tocamos no Restaurante Dona Amélia, onde ocorre o famoso forró as quartas e sábados. Quem nos auxiliava lá era o Enzo, de início ele ficou puto pois não guardamos sua mesa e cabos, mas depois ficou tranquilo e ainda sempre que precisava nos emprestava algum equipo.
Outra pousada que ficamos é chamada Aki Jeri, lugar muito aconchegante e tranquilo, o que mais me impressionou lá é a vista que se tem do pôr do sol e da duna pôr do sol, todo fim de tarde era na sacada da pousada.

Pousada Aki Jeri

Pousada Aki Jeri

Pôr do sol da sacada

duna pôr do sol vista da sacada

Um dia subimos na duna pôr do sol, ato sagrado em Jeri, todo fim de tarde a duna está cheia de pessoas olhando para o mar vendo o sol descer, apesar do muito vento e da areia nas costas vale muito a pena ir lá em cima. Outro passeio bem famoso em Jeri é a pedra furada, caminhando pela praia uns 30 minutos e logo está em mais um cartão postal de Jeri. Nos mês de Julho é possível ver o sol se por no meio da pedra.

Pôr do Sol - Jericoacoara

A caminho da duna

Jericoacoara ao fundo
Pôr do Sol 

Praia da Malhada
Na trilha para pedra furada
Pedra Furada - Jericoacoara

Pedra Furada - Jericoacoara

Pedra Furada - Jericoacoara

Ficamos também na Pousada Alquimia, da Márcia. Uma mulher muito agradável e simpática, foi bem atenciosa conosco, o café da manhã uma delícia e sua companhia sempre era resultado de ótimas conversas.

Pousada Alquimia

Pousada Alquimia

Pousada Alquimia
Seguindo nossa tradição nômade fomos agora para a pousada Naquela Jericoacoara, passamos ótimos dias por lá, o café da manhã é variado e em um local bem agradável com vista para o mar. O quarto é bem espaçoso e ainda tem uma sacada de onde se vê toda pousada. E no meio de tudo está uma piscina deliciosa. Acho que por ser muito quente no Ceará toda água própria para banho fica melhor ainda do que já é.

Pousada Naquela - Jericoacoara 
Pousada Naquela - Jericoacoara 

Pousada Naquela - Jericoacoara 

Pousada Naquela - Jericoacoara 
Próximo a Jeri existem várias lagoas de água doce e deliciosas para banho. A mais conhecida é a Lagoa do Paraíso, o nome já diz tudo, o lugar é maravilhoso e a lá se toma o melhor banho que se possa imaginar, a água é da temperatura certa, lá que tem as redes dentro da água.

Lagoa do Paraíso

Lagoa do Paraíso

De boa na lagoa

Lagoa do Paraíso

Lagoa do Paraíso
Fizemos alguns shows também no Tortuga Jeri, da querida mineira Roberta. Sempre que tocávamos lá o astral era garantido. Outro mineiro que conhecemos foi o Marcelo, sempre que precisamos ele emprestou a caixa para fazermos o som. Minerada e goianada é tudo parente.

Tocando no Tortuga Jeri
Jeri foi o lugar que mais gostamos na viagem, bem rústico e organizado, alguns poucos problemas que não conseguem atrapalhar nenhum pouco toda beleza vista por lá, gostamos tanto de lá que o André quase está voltando para morar. Um verdadeiro paraíso preservado, a cidade fica dentro do Parque Nacional de Jericoacoara e rodeada de dunas que dificultam seu acesso. Dentro de algum tempo estará pronto o aeroporto internacional de Jericoacoara, que fica a 15 km de Jijoca, creio que isso aumentará o fluxo de turistas, cuidamos agora para que esse paraíso permaneça por muito mais tempo lindo e preservado.