|
Casa dos Ventos |
Dia 15 de novembro pegamos estrada para São Thomé Das Letras, a quarta cidade mais alta do Brasil. Sabíamos que os últimos 3 km seriam um paredão vertical. No caminho fomos devagar e em uma das descidas o mindu perdeu o freio e parou no pé. Um perigo! Tivemos que descer empurrando, mas logo o freio voltou ao normal. A chuva começou devagar e paramos debaixo de um teto para esperar. Só víamos pessoal com vestimentas da cor do reggae descendo de São Thomé, dread locks e a galera do verde way of life.
|
Marketing da Ambev |
|
Vendinha roots |
|
São Thomé das Letras |
Passamos por uma espécie de pousada misturada com sociedade alternativa para experiências transcendentais e então começamos a subir a derradeira.
|
Fundação Harmonia de Artes & Conhecimentos Transcendentais |
Logo no começo um grupo de paulistas pararam para conversar com a gente e nos relembrar que a subida seria difícil. Um deles tinha quebrado o fêmur, pois tinha caído da bicicleta... parada. Acontece em qualquer lugar e com qualquer pessoa, inclusive em São Thomé. Tiramos umas fotos e continuamos a subida.
|
Galera paulista |
Não teve jeito, tivemos que empurrar e por nós passou um caminhão carregando as famosas pedras de São Thomé quase mais devagar que a gente. Logo mais na frente o caminhão parou e achamos que foi para nos dar uma carona, mas na verdade ele estava sem diesel. O motorista era vereador da cidade e foi muito simpático.
|
Caminhão sem diesel |
|
Caminhoneiro, vereador... |
Enquanto conversávamos, carros com adesivos de nave espacial subiam a serra devagar aumentando a expectativa de conhecer uma cidade tão excêntrica.
Chegamos no topo debaixo de chuva e com uma ventania forte para dar um tom mais cinematográfico de nossa chegada. Paramos debaixo de um teto ao lado de uma barraca com 3 pessoas dentro de quem conhecemos apenas as vozes. Conhecemos um francês e um mineiro que iam fazer uma viagem de bicicleta sem marchas por Minas Gerais. No final de nossa conversa eles nos convidaram para tomar o Daime de noite em uma igreja no pé da serra.
|
Mindu e os futuros cicloturistas de barra circular |
Entramos na cidade, viramos a direita na pousada do ET e conseguimos nosso almoço no terceiro restaurante. Fomos a uma lan-house para contactarmos o Mandi, escalador conhecido de uns amigos do Mindu. Encontramos com ele e o seguimos até sua bela casa toda feita de pedra no alto da cidade. Fomos muito bem recebidos e nos hospedamos em um quarto no segundo andar com a vista mais incrível da viagem.
|
Família bacana |
Sua mulher Ametista fez uma bela janta e os dois têm uma menininha linda. Ele foi trabalhar na pizzaria do pai e nós fomos conhecer a igreja. Conversamos com uma das responsáveis e ela nos deu um breve relato sobre a polêmica bebida indígena.
|
Fornalha |
|
Fornalha |
Conhecemos o forno que eles construíram para produzir a bebida e aguardamos o início do ritual.
Sentamos em uma roda e cantarolamos alguns hinos até tomarmos a primeira dose e continuamos cantando. Tomamos uma segunda dose mais forte e as luzes se apagaram para se estabelecer o silêncio necessário para uma elevação espiritual. Cada qual a sua maneira. Senti a necessidade de ouvir uns mantras para facilitar a concentração e os mosquitos me atrapalharam um pouco. Foi uma experiência única, difícil de ser redigida em um canal público. Me senti mais integrado com o mundo, a natureza, e a condução devagar da minha respiração me ajudou a chegar numa sensação de pureza interior. Houve uma terceira dose mas nós preferimos continuar sem ela. As luzes se acenderam e ficamos de pé cantando outros hinos. Era explícito uma maior integração entre as pessoas que cantavam e tocavam tambor sentindo a música mais intensamente. Aos poucos fomos voltando ao normal e no final todos se abraçavam com belos sorrisos enfeitando seus rostos.
|
Fogueira do esclarecimento |
Fizemos uma fogueira e trocamos idéias até o amanhecer. Dormimos lá e prometemos ajudar o pessoal a transportar toras de madeira para perto do forno no dia seguinte.
|
Fábrica de tijolos solo-cimento |
|
Igreja - Santo Daime |
Acordei e fui conhecer o local. Eles estavam fazendo tijolos de solo-cimento para a construção de futuras casas e então fui na casa do..... para o lanche. Chá com xapate, uma espécie de massa feita com óleo e trigo não muito nutritivo para o trabalho braçal. Começamos o trabalho e decidimos colocar dois bambus grandes paralelos e empilhar as toras em cima deles para levá-las como uma maca. Fizemos várias viagens e a fome aumentava de acordo com a intensidade do sol. Após algumas horas fomos almoçar arroz com linguiça e macarrão. Uma delícia.
|
Local do almoço |
Depois pegamos uma trilha para voltarmos para São Thomé com a moça que fez o almoço. No caminho paramos para um banho na cachoeira e nos despedimos no pé da serra. Pegamos carona e logo estávamos na porta da casa do Mandi que não se encontrava.
|
Trilha para cachoeira |
|
Trilha da cachoeira |
|
Cachoeira |
O esperamos em um bar até que ele chegou e junto com o Mindu e um amigo foram escalar de noite. Eu dei uma pequena volta na cidade depois subi para sua casa. Quando abri o portão, um dos quatro Chow-Chow da casa enfiou a cabeça pro lado de fora e quando abri a porta para empurrar sua cabeça de volta ele e mais dois saíram correndo. Poutz... Fui atrás deles “tiu tiu tiu” e quanto mais próximo tentava chegar mais eles afastavam rosnando e desviavam correndo de minha pessoa. Por um instante pensei que seria impossível resgatá-los e como estava sem dinheiro e celular tive que entrar na casa para tentar ligar para o Mandi. O cachorro que ficou, rosnou pra mim mas entrei assim mesmo e encontrei com a Ametista que disse que era normal eles fugirem. Que bom! Subi tomei banho e dormi.
|
Chow-Chow |
No outro dia conhecemos um cara que tinha saído de sua cidade a pé junto com um cachorro e parecia muito com o protagonista do filme A natureza Selvagem, não só pela sua aventura, que logo acabara com a chegada inusitada do seu pai e seu tio que exigiam que ele voltasse pra casa, já que sua mãe estava doente. Que loucura. O cara ficou com seu discurso adolescente e palpitamos que seria melhor ele conversar com o pai a sós.
|
Fugindo com mala e dog |
Conhecemos a pedra do vento de onde tínhamos uma visão espetacular de 360º de toda a região. De noite víamos várias cidades acordando suas luzes e o céu todo estrelado era realmente magnífico. A visão mais linda que tive em toda minha vida. Ventava demais, por isso o nome do local, e então descemos pra cidade que fica encostada em morros e muita pedra.
|
Casa do vento |
No centro da cidade, uma gruta perto de uma igreja toda feita de pedra sem nenhuma argamassa entre elas. Pedra sobre pedra. Segundo os moradores essa pedra só é encontrada na região e é muito parecida com a de Pirenópolis porém mais dura, o que possibilita não só a feitura de muros, calçadas e ornamentos, mas também a própria edificação. Incrível!
|
Gruta |
|
Pedra sobre pedra |
|
Casa de pedra |
|
Casa de pedra |
|
Muita pedra |
|
Igreja de pedra - São Thomé das Letras |
|
Casa dos Ventos
|
|
Casa dos Ventos
|
São Thomé das Letras |
|
Comemos uma pizza vegetariana deliciosa na pizzaria do seu pai e ouvimos alguns dos seus vinis. Mais a noite fomos fazer um som novamente na pedra dos ventos. Sonzera.
|
Pizzaria |
|
Pizza vegetariana |
|
Vinil - Adoniram Barbosa |
Um grande abraço para o Mandi e para a Ametista que nos acolheu como amigos antigos. Com certeza um dia vamos voltar para conhecermos um pouco mais dessa cidade encantadora.
No outro dia seguimos para Caxambu.
|
Pedreira saída da cidade |
Um comentário:
Ahhhhhh... que aventura!!! estou procurando contato em São tomé de igrejas que trabalhe com o Daime. Sabe me dizer sobre essa que vocês foram? Como chegar, contato, etc. Gratidão amigo.
Postar um comentário